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III. A base e a rolante. O movimento inverso
Suponhamos que o plano móvel ocupa sucessivamente as
posições
no plano fixo. Como vimos a passagem de
para
faz-se
através de uma rotação em torno de um certo ponto de , a passagem de
para
faz-se
através de uma rotação em torno de um certo ponto de e assim sucessivamente. Temos desta
forma uma sucessão de pontos em
- os centros de
rotação
das sucessivas mudanças de - que formam uma linha poligonal no
plano fixo.
Seja o primeiro centro de
rotação, num instante inicial fixo, e consideremos agora
os pontos do plano
móvel
que, nos deslocamentos sucessivos, vêm coincidir com os pontos
de
. Os pontos
do plano
móvel , que identificamos com a sua
posição inicial , formam
também uma linha poligonal, agora em
,
que passa em .
No primeiro deslocamento
roda em torno de e o ponto irá sobrepôr-se ao ponto
.
No segundo
deslocamento, roda em torno de e o ponto irá sobrepôr-se ao ponto
,
e assim
sucessivamente. Os segmentos , , , da poligonal móvel vão pois
aplicar-se sucessivamente sobre segmentos , , , da poligonal fixa, isto é, a
poligonal "rola" sobre a poligonal
. Temos assim um
movimento em que uma linha poligonal de rola (sem deslizar) sobre uma outra
linha poligonal de , como se ilustra nas
animações seguintes:
Estas considerações, no argumento limite em que as
diversas posições estão infinitesimalmente
próximas, permitem concluir que:
O movimento
contínuo de um plano móvel
sobre um plano fixo
, pode ser gerado pelo
rolamento (sem
deslizamento) de uma curva do plano móvel (a rolante) sobre uma curva do plano
fixo (a base). |
Cada uma dessas curvas pode ser definida como o lugar geométrico
dos centros instantâneos de rotação, no plano
móvel e no plano fixo e , respectivamente.
Uma pequena nota - aqui excluímos o caso de um movimento de
translacção e o caso em que o centro instantâneo de
rotação está fixo durante um intervalo de tempo
finito.
Até aqui o movimento foi descrito como o plano
a deslocar-se sobre
. É claro que,
para um
observador que esteja rigidamente ligado ao plano
, é o plano
que se desloca
relativamente a . Este movimento, que representamos
por ,
diz-se, por isso, o movimento inverso do movimento
.
Se o movimento é contínuo, todo o ponto de descreve uma curva
em
. No movimento inverso
a curva passará empre por .
Anàlogamente, se uma curva de passa sempre por um certo ponto fixo
de , este ponto, no movimento inverso,
descreverá a curva . Isto pode ser usado para obter um duplo
traçado mecânico de curvas. Imaginemos, com efeito, um
marcador fixo em . Ele traçará a curva
, mesmo
quando,
estando fixo, nós deslocamos o
papel relativamente ao marcador.
É claro que os
papéis, desempenhados pela rolante e pela base, trocam, quando
consideramos o movimento inverso. Eis um exemplo, de
interpretação imediata, e que ilustra tudo o que acabamos
de dizer:
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