Planímetros |
Planímetros são instrumentos que servem para medir uma área plana, limitada por uma curva fechada , que, por simplicidade, supômos que não se auto-intersecta. O orgão principal, comum a todos os planímetros que vamos estudar, consiste de uma barra de comprimento fixo, que se desloca continuamente no plano, "varrendo" uma certa área algébrica que, por um processo apropriado, conduz à medição da área pretendida. Vejamos com detalhe o que isto significa. Para além da curva
, que delimita a
área que pretendemos
medir, consideremos uma outra curva , e uma barra de
comprimento fixo ,
que se desloca continuamente no plano, de
tal forma que, durante o movimento, e
permanecem sempre em e , respectivamente. A curva chamar-se-á a curva
directriz e
o ponto o traçador
da curva . Um dos planímetros mais conhecidos é o
planímetro polar de Amsler,
em que a directriz é uma
circunferência:
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Áreas Algébricas |
Para explicarmos como funciona um planímetro, vamos começar por determinar uma fórmula para a área (algébrica) varrida pela barra , quando esta se desloca de para uma posição "muito próxima" . Mas antes, vejamos qual o significado de área algébrica. Para isso, vamos supôr que a barra está orientada (de para ). A área varrida por essa barra é então algébrica no sentido em que ela será afectada por um sinal ou , conforme a orientação do seu bordo for positiva (sentido anti-horário) ou negativa. Na figura 1, onde
representámos as áreas positivas pela
côr azul e as negativas pela côr vermelha,
ilustrámos as várias posições
possíveis para e .
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Deslocamentos elementares |
O deslocamento da barra, da posição para a posição "muito próxima" , pode ser vista como uma sequência de três deslocamentos elementares que passamos a analisar:
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Fórmula fundamental |
Sobrepondo os três deslocamentos elementares, obtemos para a área algébrica elementar , varrida pela barra , quando esta se desloca de para uma posição "muito próxima" , a fórmula fundamental seguinte: Nota: na figura 2, está representado o caso em que e são ambos positivos. Nas figuras seguintes ilustram-se outras situações possíveis:
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Barra com roleta |
Suponhamos agora que na barra está colocada uma pequena roda (roleta) de raio , cujo eixo é a barra , e cujo plano de simetria, perpendicular à barra, passa no ponto . Quando a barra se move, a roleta roda em torno do seu eixo, de acordo com uma certa lei, e um contador regista o número de voltas (e fracções de volta) que ela dá.
Para os deslocamentos elementares de para , considerados anteriormente, o comprimento do arco elementar , percorrido pelo ponto de contacto da roleta com o plano, ou, de forma equivalente, o comprimento do arco , percorrido pelo ponto , é claramente igual a: onde a
distância tem sinal , se
está entre e , e
sinal , se
está antes de , relativamente à
orientação da barra .
As duas parcelas provêm dos deslocamentos elementares e , respectivamente. Desprezamos o arco percorrido por no deslocamento elementar , uma vez que este não produz nem área nem rotação da roleta.
Figura: Deslocamentos elementares da barra com roleta Daqui se deduz que e, substituindo na fórmula (1), obtemos: |
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Movimento contínuo |
Para calcular a área varrida pela barra, quando esta se desloca continuamente de uma posição para uma outra posição , decompômos esse movimento numa sequência de movimentos infinitamente próximos, aos quais aplicamos a análise anterior. Se designa a área varrida pela barra quando esta se desloca de para , e se sofre um pequeno movimento que a desloca até , a área sofre um acréscimo elementar , dado pela fórmula (3). Para ter a área total, somamos todas estas contribuições, isto é, integramos o segundo membro de (3) desde a posição até à posição . Desta forma, obtemos: onde
designa o arco total percorrido pelo ponto de contacto da
roleta com o plano, e
representam, respectivamente,
os ângulos das posições
e
com o eixo
horizontal, como se ilustra na figura seguinte.
O arco total pode ler-se num contador que regista o
número de
voltas e fracções de volta da roleta. O ângulo
é o ângulo das duas posições extremas da
barra. |
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Área de um contorno fechado |
Suponhamos agora queremos medir a área , limitada por uma curva simples fechada (orientada positivamente), e suponhamos ainda que a directriz não intersecta a área a medir, como na figura seguinte. A medição da
área faz-se então, muito simplesmente, fazendo o
traçador
pecorrer a curva , uma única vez no sentido
positivo. Após essa volta, a barra
regressa pois à sua
posição inicial. Se, além disso (e este é
um ponto
essencial!), o ponto faz apenas um movimento de ida e volta
sobre , de tal forma que a barra não
roda
sobre si própria,
então ter-se-á que:
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Planímetro Linear |
Para ilustrar de imediato como isto se processa, observemos o applet seguinte, onde se ilustra um planímetro linear, em que a directriz é uma linha recta.
Para animar este applet, deve clicar sucessivamente nos botões de animação pela ordem indicada. Se pretender repetir a visualização faça "reload" para obter a configuração inicial. As áreas varridas pela barra nas quatro primeiras animações são positivas (azuis), e as varridas nas três últimas é negativa (vermelha). Observe bem o cancelamento das áreas positivas e negativas para que o resultado final seja apenas a área que se pretende medir!... |
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Finalmente a medição |
Retomemos a fórmula (5) para a área , obtida sob a hipótese de que a barra não roda sob si própria (não esqueça...):
( representa o número de voltas, ou frações de volta, que a roleta faz), a área é dada por: Se o planímetro dispuser de um contador de voltas da roleta, a área lê-se directamente nesse contador. Nos dois planímetros mais conhecidos, a curva directriz tem a forma de uma circunferência, no planímetro de Amsler, e de uma recta, no planímetro linear. Este último já foi analisado e ilustrado num applet anterior. No planímetro de Amsler, o ponto da barra é obrigado a percorrer um arco de circunferência, recorrendo a uma outra barra de comprimento igual ao raio dessa circunferência. No applet seguinte, com a ajuda do rato, faça percorrer uma única vez (no sentido anti-horário) a curva , para ter uma ideia de como funciona o planímetro de Amsler. É claro que deve imaginar a roleta a rolar...
Quando a curva é muito grande relativamente às dimensões do aparelho, podemos colocar a circunferência directriz , no interior de , como se ilustra no applet seguinte.
APPLET CINDERELLA (em construção)
Quando fazemos o
traçador
percorrer uma única vez (no
sentido anti-horário) a curva , a área varrida pela barra
é a área da coroa compreendida entre a
circunferência e
a curva . Agora acontece que a barra dá
uma
volta sobre si
própria e portanto:
isto
é:
A quantidade: é, como antes, lida no
contador de voltas. A quantidade:
é uma constante que pode
ser ajustada dimensionando
convenientemente as componentes do aparelho.
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