"Por isso foi depois de todas
essas invenções [das artes práticas] estarem feitas que aquelas das ciências
que não são direccionadas para a obtenção de prazer [conforto?] ou para
a satisfação das necessidades da vida foram descobertas; e isto aconteceu
em locais onde os homens tinham lazer. É por isto que as artes matemáticas
foram iniciadas no Egipto; pois aí havia uma casta sacerdotal à qual era
permitido gozar de lazer."
(Aristóteles, meados do século
IV a. C.)
"Tales [c.624-c.547 a.C.]
foi primeiro para o Egipto e daí introduziu este estudo [geometria] na Grécia."
(Proclus, Comentários sobre Euclides,
século V,
in Heath, A History of Greek Mathematics,
p. 128 )
"Tales, admirando as suas
[de Pitágoras] notáveis capacidades, comunicou-lhe tudo o que sabia, mas,
por causa da idade e de se sentir enfraquecido, aconselhou-o a que, para sua
melhor instrução, fosse e estudasse com os sacerdotes egípcios. Pitágoras,
visitando Sídon pelo caminho, por ser a sua terra natal e porque pensou que
a passagem para o Egipto seria mais fácil por essa rota, associou-se aí com
os descendentes de Mochus, o filósofo natural e profeta, e com os outros hierofantes,
e foi iniciado em todos os ritos praticados em Biblos, Tiro, e em muitas
partes da Síria, práticas a que ele se submeteu, não por entusiasmo religioso,
como se possa pensar, mas muito mais por amor e desejo de pesquisa filosófica,
e de modo a se assegurar que não deixava passar nenhum fragmento de conhecimento
que valesse a pena adquirir, e que pudesse estar escondido nos mistérios
e cerimónias do culto divino; então, percebendo que aquilo que encontrou
na Fenícia era de algum modo derivado ou descendente da sabedoria dos sacerdotes
egípcios, concluiu que adquiriria um conhecimento mais puro e mais sublime
indo à fonte, no próprio Egipto.
Aí, estudou com os sacerdotes e profetas e instruiu-se em todos os tópicos
possíveis, não neglicenciando nenhum assunto que fosse indicado pelos melhores
juízes; nenhum indivíduo entre aqueles que fossem famosos pelos seus conhecimentos;
nenhum ritual praticado no país, fosse onde fosse; e não deixando nenhum lugar
por explorar onde ele pensasse que poderia descobrir algo mais....
E assim passou 22 anos nos santuários por todo o Egipto, dedicando-se à
Astronomia e à Geometria, entrando em todos os rituais de veneração divina,
até ter sido feito prisioneiro pelas tropas de Cambyses e ser levado para
Babilónia, onde novamente se associou com os Magos, um aluno disposto a aprender
entre mestres dispostos a ensinar. Por eles foi instruído nos seus rituais
solenes e cultos religioso, e no seu meio atingiu a mais alta eminência na
Aritmética, Música, e nos outros ramos do Saber. Após 12 anos mais, assim
passados, regressou a Samos, tendo então cerca de 56 anos de idade."
(Jamblico, Da Vida Pitagórica,
início do século III,
in Heath, A History of Greek Mathematics, pp. 4-5)
"Crianças que nascem livres deviam
aprender tanto destas coisas quanto as vastas multidões de jovens no Egipto
o fazem com o seu alfabeto. Em primeiro lugar, no que diz respeito à aritmética,
aulas foram aí elaboradas para puros principiantes com base na diversão e
no jogo, distribuindo maças e grinaldas de tal modo que os mesmos números
sejam distribuídos entre grupos maiores e grupos menores...Os professores,
aplicando as regras e práticas da aritmética às brincadeiras, preparam os
seus alunos para as tarefas de ordenar e de comandar exércitos, de organizar
expedições militares, assim como governar uma casa, e assim os formam como
pessoas mais úteis para elas próprias e para os outros, e um bom bocado
mais despertas."
(Platão, Leis 7, 819 [início
do século IV a.C.]
in Robins & Schute...)
"..."