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Chamamos elementar (primitivo ou fundamental) a um
polígono cujos
vértices
têm ambas as
coordenadas inteiras, mas que não contêm outros pontos com
estas
características. Vamos ver que:
Qualquer
triângulo elementar tem
área ½.
Vamos supor que o triângulo tem vértices O,
A
e B, de coordenadas (0,0), (a,b) e (c,d),
respectivamente, e suponhamos que o valor absoluto de a
é menor
ou igual ao de c, |a|≤|c| . Então, vejamos o
que
acontece se deslocarmos o ponto B paralelamente ao lado oposto,
[OA], uma distância igual ao comprimento deste
segmento e
na direcção do eixo dos yy: o novo
triângulo, [OAC], vai ter a mesma área,
uma
vez que tem a mesma
base e a mesma altura, e vai ser também elementar: Se
assim
não fosse, e [OAC] contivesse um ponto P de
coordenadas
inteiras, o paralelograma [OABC] conteria também o
ponto simétrico de P
em relação ao ponto M, Q, tendo este
ponto também coordenadas inteiras
(a razão é a seguinte: se xM
é a abcissa de M, xA a de A,
etc., xM=
(xA+xC)/2 e yM=
(yA+yC)/2; mas
então, por
exemplo,
também xM=
(xP+xQ)/2 e
e portanto xQ= xA+xCxP,
que é um número inteiro).
Como o paralelograma também é simétrico em
relação a M,
se P não estiver no triângulo [ABC]Q
— e nem uma coisa nem outra são possíveis, uma vez que
este triângulo
é elementar.
[Para perceberes melhor este raciocínio, move os pontos A
e B no desenho ao lado.]
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Findo este procedimento, talvez o valor absoluto da abcissa
de C não seja ainda menor que a da de A. Nesse
caso,
repetimos a construção. Mas se já for menor,
é agora A que
deslocamos paralelamente ao lado oposto, numa distância igual ao
comprimento desse lado e ainda na direcção do eixo dos yy.
E prosseguimos dessa maneira, até não o podermos fazer
mais — o
que vai acontecer quando um dos vértices do triângulo
final diferentes
de O tiver também abcissa nula — mas não antes!
Suponhamos então que esse vértice, R,
por
hipótese, tem ordenada i. Então:
- i=±1,
porque de outro
modo haveria
pelo menos um ponto de coordenadas inteiras no interior do lado
[OR]. O triângulo tem base 1, portanto.
- Suponhamos que o
terceiro
vértice, S,
seja, tem coordenadas (p,q). Também p=±1,
pelo
que a altura do triângulo é 1. Isto acontece
pela seguinte
razão: se, por exemplo, p>1, e considerarmos os
pontos do
triângulo [ORS] com abcissa 1 e ordenada da forma k/p,
com k inteiro, há precisamente p pontos destes,
para valores de k que
são inteiros consecutivos. Um deles terá
necessariamente ordenada inteira, sempre!
[Para perceberes melhor o raciocínio, move o
ponto S
no desenho ao lado.] |
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Podes
agora
experimentar o procedimento descrito em cima,
utilizando os botões e movendo os vértices do
triângulo em
baixo.
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