Cónicas - Velhas Questões - Novas Abordagens

Cónicas - Velhas Questões - Novas Abordagens

CÓNICAS

Velhas Questões - Novas
Abordagens

 

 

 

 

 

 

Rosa Ribeiro

Céu Silva

 

 

 

 

CMUP - DMPUP

                                                           
2004/05/19

 

Na Grécia Antiga
as cónicas eram obtidas seccionando um cone por um plano.

Na teoria de Menecmo
são utilizados
cones rectos
e os planos de secção são perpendiculares a uma

geratriz.

De acordo com o
ângulo no
vértice
do cone assim a cónica obtida é:

 

oxitomo

(ângulo, no vértice do cone,
agudo)

ortotomo

(ângulo, no
vértice do cone, recto)

 

 

amblitomo

(ângulo, no vértice do cone,
obtuso)

 

 

Apolónio estudou as
cónicas numa perspectiva que se aproxima da actual.

Apolónio utiliza
cones de base circular de
duas folhas
e planos de
secção que intersectam a base do cone segundo rectas perpendiculares ao

triângulo axial.

 

Conforme  posição
relativa do plano secante e do triângulo axial assim:

 

elipse

(plano secante
intersecta os dois lados do triângulo axial não pertencentes à base do cone)

 

parábola

(plano secante
é paralelo a um lado do triângulo axial não pertencente à base do cone)

 

 

hipérbole

(plano secante
intersecta um lado e o prolongamento do outro do triângulo axial, não
pertencentes à base do cone)

 

 

Para cada cónica
indicou um
sintoma
(propriedade característica da cónica) que envolve elementos dos três planos
intervenientes na obtenção da cónica:

 

  • o plano da base do cone

  • o plano de secção

  • o plano do
    triângulo axial

 

Sintoma da
parábola


"Se um cone é cortado por um plano
que passa pelo eixo e por um outro plano que corta a base do cone segundo uma
recta perpendicular à base do triângulo passando pelo eixo; se, além disso, o
diâmetro da secção é paralelo a um dos lados do triângulo que passa pelo eixo, o
quadrado de qualquer recta conduzida da secção do cone paralelamente à secção
comum do plano secante e da base do cone até ao diâmetro da secção equivale ao
rectângulo delimitado pela recta que ela corta sobre o diâmetro, do lado do
vértice da secção, e por uma certa recta cuja razão para a recta situada entre o
ângulo do cone e o vértice da secção é a mesma que a do quadrado da base do
triângulo passando pelo eixo para a do rectângulo delimitado pelos dois outros
lados do triângulo. Chamaremos tal secção uma parábola"

(Ver Eecke, Les Coniques d’Apollonius de
Perge, p.21)
.

 

 

A propriedade
definidora da parábola pode traduzir-se pela relação

      
com          

  • H
    é o
    vértice da parábola
    - ponto de intersecção do plano de secção com o lado do
    triângulo axial

  • HO
    é o
    eixo da parábola
    - recta definida pelo vértice da parábola e pelo ponto de intersecção do plano
    de secção com a base do triângulo axial -
    latus transversum

  • K
    é um ponto qualquer da curva e

    G
    é o seu projectado ortogonal sobre o eixo da parábola

  • HT
    é o
    latus erectum - latus rectum -
    parâmetro

       

 

(Apolónio,
Cónicas, III, 2- 4, manuscrito de 1536  feito para o Papa Paulo III)

 

 

As
páginas acima dizem respeito à

igualdade de áreas de triângulos
e
quadriláteros formados por tangentes e diâmetros das cónicas e por tangentes e
paralelas às tangentes.

 

 


Apolónio, Cónicas, I, 42


Quando uma recta


(t)

tangente a uma parábola encontra um diâmetro


(em D)

se do ponto de contacto


(T)

baixarmos um recta


(r)

de modo ordenado sobre o diâmetro e se de um ponto


(X)

qualquer da secção tirarmos uma recta paralela à tangente


(t')

e outra


(r')

paralela à recta baixada do ponto de contacto, a área do triângulo formado por
estas duas últimas rectas é igual à área do paralelogramo compreendido entre


a recta baixada do ponto de contacto

e a recta


(r')

que corta a paralela a essa, pelo vértice da secção.


(trad. Paul ver EecKe)

 

 


Por t  ser tangente à parábola e TE ser "conduzida de modo ordenado" é VD=DE
logo ED=2VE, portanto


área TED = área VETA


Por serem T e X pontos da parábola é TE2=2pVE
e CX
2=2pVC,
portanto


Como

           
       
  e      


vem


logo


Como


Conclui-se que

 

 

 


Apolónio, Cónicas, III, 1


Quando rectas tangentes


(BD e CE)

a uma secção do cone [ou
a uma circunferência do círculo] se encontram, e se, pelos seus pontos de
contacto
(B e E)

traçarmos diâmetros

(BC e ED)

encontrando as tangentes
(em C e D)
, os triângulos assim
obtidos

(CAB e EAD)
,  dispostos segundo o respectivo vértice

(A)
, são iguais.

 

 


BZ


 //
CE


logo BZEC é um paralelogramo de área
igual à de BDZ pois DZ=2EZ (Cónicas, I,35)


Retirando ao triângulo

BDZ e ao paralelogramo BZEC o
quadrilátero comum BZEA, conclui-se que



CAB e EAD

 

 


latus erectum

O
latus erectum,
era um segmento obtido por um processo de



aplicação de áreas

dado por uma expressão dependente do triângulo axial e do vértice da parábola,
do seguinte modo:

 


                                                        

Como interpretar
geometricamente o

latus erectum?




Em finais do século XVII, Jacques Bernoulli deduziu um processo simples de
reconhecer geometricamente, no cone gerador, um segmento de comprimento igual ao
do parâmetro, tomando como suporte a definição de parábola dada por Apolónio
(Apolónio, Conicas, Livro I,
proposição XI)
.

 

(Jacques
Bernoulli, finais do séc. XVII, Obra completa, vol. I, pp. 45 e 46)

 

Novum Theorema
Pro Doctrina Sectionum Conicarum

"Tomando um plano paralelo à base de
um cone e situado à mesma distância do seu vértice que o plano da secção cónica,
este plano intersectará o cone segundo um círculo cujo diâmetro será o latus
rectum
da cónica".

 

Parábola - Esboço
da demonstração

^


s -

plano da base do cone        
a -
plano de secção        ACD -
triângulo axial       

 HO o eixo da parábola        AI
^ s
        

AB
^
HO      

Tomemos N
em AI,  tal que

 Seja
b
um plano paralelo a

s

passando por N. O plano
b intersecta o
triângulo axial ACD nos pontos F e E, que são as extremidades do diâmetro do
círculo produzido na superfície cónica pelo plano

b.

Mostraremos que FE é o latus
rectum
.

 LA
//

CD, com L
ÎHO; 
HX
//
CD, com X
ÎAD

  •  ABL
    @
    ANE
    (AB=NA,
    const.,
    ÐABL=
    ÐANE
    = 90,
    ÐLAB=ÐEAN,
    pq
    ÐLAB=
    ÐLAN
    -
    ÐBAN
    =
    ÐEAB
    -
    ÐNAB=ÐEAN).
    Logo
    LA = AE.


  • HXAL é um paralelogramo

    (pq HX//LA
    e
    HL//XA).
    Logo
    HX=LA.

Donde, LA=AE e HX=LA, portanto
HX=AE.

AHX
»

AFE
»
ACD (ângulos iguais cada um a cada
um), vem

  
          
         

 


                                                                    
   (2)                       
(3)                        (4)

 

De  (2) e HX=AE
vem

De


e HX = AE resulta

Logo

HT=FE

 

"Apolónio e os geómetras que
escreveram depois dele, deram diferentes expressões geométricas, tomadas no
cone, do comprimento do latus rectum, para cada secção, mas nenhuma nos
pareceu tão simples e tão elegante como a de Jacques Bernoulli."

(Chasles, Aperçu Historique des Méthodes
en Géométrie
, p.19)

 



http://perso.wanadoo.fr/alta.mathematica/apollonius.html

 

Bibliografia

 


  • Bernoulli, Jacques. Obra completa, vol I, Lips, 1699.

  • Chasles, M. Aperçu Historique sur
    l’Origine et le Développement  des Méthodes en Géométrie.
    Paris, Gauthier-Villars
    et Fils, Imprimeurs-Libraires, 1889.

  • Eves, H. Introdução à História da Matemática -
    trad. Hygino H. Domingues. Campinas, S.P.: Editora da UniCamp, 1995.

  • Heath, T. Apollonius of Perga –
    Treatise on Conic Sections
    . Cambridge: at the University Press, 1896.

  • Katz, V. A History of Mathematics:
    An Introduction
    . New York: Harper Collins College Publishers, 1993.

  • Veloso, E. Geometria, Temas Actuais. Lisboa:
    Instituto de Inovação Educacional, 1998.

  • Veloso, E, H. Fonseca, J. P. Ponte e P. Abrantes.
    Ensino da Geometria no virar do milénio
    . Departamento de Educação da
    Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, 1999.




  • Ver Eecke, P. Les Coniques d’Apollonius de
    Perge-Oeuvres traduites pour la Première fois du grec en français, avec une
    introdution et des notes
    . Bruges, Desclée, de Brouwer et C., 1923.