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Espelhos matriciais
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Anexo – Arquivo de Babel
A
leitura daquela
história da biblioteca infinita de Babel deixara R. sem sono.
Finalmente compreendeu que a resposta a todas as suas angústias
já estava escrita algures num livro da biblioteca. Percebeu
ainda que, se na altura em que a história fora escrita
não havia tecnologia para construir essa biblioteca, hoje essa
tecnologia estava à sua disposição. Sentou-se à frente do terminal do computador e começou a programar. Era engenheiro e pragmático e, por isso, achou por bem começar por escrever um programa para gerar aleatoriamente um pequeno texto com apenas quinhentos caracteres. Analisara previamente a obra poética de Sophia e cada poema utilizava em média menos de cinco centenas de símbolos. Terminado o programa, lançou-o. Textos de quinhentos caracteres eram gerados a uma velocidade inacreditável. Agora era uma questão de tempo e de paciência até conseguir um inédito de Sophia, um poema que ela não tivera tempo para escrever, mas que teria escrito se a morte a não tivesse impedido. Claro que pelo caminho poderia gerar toda a obra poética de Sophia e de outros poetas, mas isso não lhe interessava. Sabia que conseguido o poema, poderia ser mais arrojado e tentar um novo romance de Ferreira de Castro ou de José Cardoso Pires. Exultante, compreendeu que, se em vez dos 25 caracteres necessários à escrita pusesse o programa a gerar pixéis com valores entre 1 e 255, poderia criar novas fotografias de Bresson ou de Edward Weston. Encontrara a eternidade para a genialidade criadora. Foi-se deitar, pois sabia que poderia demorar… in www.renatoroque.com/especiedeblog um espécide de blog a partir da fotografia, de Renato Roque; texto inspirado no conto “Biblioteca de Babel” de Jorge Luís Borges onde ele descreve uma biblioteca infinita que contém todos os livros escritos e por escrever. Ficha Técnica: Espelhos Matriciais é uma tese de mestrado multimédia (FEUP), associada ao projecto fotográfico com o mesmo nome Autoria: Renato Roque Orientação: professor. André Puga e professor Francisco Calheiros Co-orientação artística: João Fernandes 2009 |
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