Em 1911
Einstein deduziu
várias consequências do seu
Princípio de Equivalência. |
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"Redshift"gravitacional |
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Considere a seguinte experiência conceptual: luz de frequência é emitida do chão de uma nave de altura , que se move com uma aceleração linear constante , dirigida para cima, no espaço exterior, longe de qualquer campo gravitacional. A luz é detectada por
um
receptor, estacionado no topo da
nave. Que frequência é que ele mede ?
Note que o receptor não é um observador de inércia. Como podemos pois dizer algo àcerca das suas medições? Einstein assumiu a hipótese, válida em primeira aproximação para acelerações fracas, que toda a medição feita por um observador acelerado é a mesma da que é obtida por um observador de inércia, que tem a mesma velocidade no instante e local em que é feita a medição. Sendo assim, seja um referencial de inércia no qual o emissor está momentâneamente em repouso, no instante em que emite o raio luminoso, e um referencial de inércia no qual o receptor está em repouso quando a luz é detectada. É claro que emissor e receptor afastam-se um do outro. Portanto, de acordo com a teoria do efeito Doppler, a frequência , medida pelo receptor, é inferior a . O receptor detecta pois um desvio para o vermelho (redshift). Como se viu antes:
aproximação válida para baixas velocidades . Em primeira aproximação, o tempo que a luz demora a percorrer a distância , é igual a:
De acordo com o
Princípio
de Equivalência, o mesmo
efeito deve ser observado se o
elevador, em vez de estar acelerado, está sob a
acção de um
campo gravitacional dirigido para baixo. Como o receptor está,
neste caso, sempre em repouso relativamente ao emissor, ele não
pode atribuir o reshift ao efeito Doppler. Deve sim
interpretá-lo
como um efeito da gravidade. Concluímos pois:
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Dilatação gravitacional do tempo |
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Vamos comparar dois relógios e
, o primeiro colocado no
topo e o segundo na base de um foguetão, quando este acelera
para cima (figura 11).
Vamos ver que, para um
astronauta
sentado na base do foguetão, medindo o tempo de acordo com o
relógio , o
relógio parece andar
mais
depressa do que o seu relógio
.
Figura
11
Para ver isto, imaginemos
que o
relógio emite um
pulso de
luz por segundo, e suponhamos que o nosso astronauta está na
base
do foguetão a comparar os instantes de chegada desses sucessivos
pulsos com os tics do seu relógio
. No instante 0 , o relógio emite o primeiro pulso em direcção a . Entretanto o foguetão sobe um pouco, e esse pulso, depois de percorrer uma distância , atinge , quando este está na posição (figura 11). No segundo seguinte, , que agora ocupa a posição emite o próximo pulso em direcção a . O foguetão sobe mais ainda, e este segundo pulso, depois de percorrer uma distância , atinge , quando este está na posição (figura 11). É claro que , uma vez que o foguetão acelera e tem por isso mais velocidade no instante da emissão do segundo pulso. Portanto, os dois pulsos que foram emitidos por , separados por um intervalo de tempo de segundo, chegam a com um intervalo ligeiramente inferior a segundo, já que o segundo pulso não demora tanto tempo na viagem. O mesmo acontece para todos os pulsos seguintes. Por outras palavras, o astronauta na base do foguetão concluirá que o relógio anda mais depressa do que o seu relógio . Se o astronauta estivesse no nariz do foguetão, observando agora, junto de , pulsos emitidos de , ele concluiria que o relógio anda mais devagar do que . |
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Pelo Princípio de
Equivalência, o mesmo se passa quando
o foguetão está estacionado à superfície da
Terra, sujeito pois ao campo gravitacional terrestre.
Como neste caso, está
mais perto do corpo
gravitacional do que ,
concluímos que:
Este fenómeno da
dilatação gravitacional do
tempo complica a
atribuição de coordenadas temporais a acontecimentos, na
presença de um
campo gravitacional. De facto, em Relatividade Restrita, a coordenada
temporal de um acontecimento, num dado
referencial de inércia, define-se pela leitura de um
relógio em repouso,
relativamente a esse referencial, e situado no mesmo local desse
acontecimento. Como
temos a possibilidade de sincronizar todos os relógios num dado
referencial de inércia, este processo atribui de forma
unívoca um valor para a
coordenada temporal de cada acontecimento.
Mas, num campo gravitacional, os relógios em diferentes locais marcam o tempo de forma diferente, i.e., os tics dos relógios são diferentes conforme o local onde eles se encontram. Portanto eles não podem ser sincronizados. Como podemos então comparar as coordenadas temporais de acontecimentos que ocorrem em locais distintos ? Suponhamos que se pretende fazer um rectângulo no espaço-tempo. Começamos por usar um diagrama "altura versus tempo ". Como base do nosso rectângulo tomamos um objecto em repouso, situado à altura , e seguimos a sua linha de universo durante segundos. Obtemos assim uma linha paralela ao eixo dos (figura 12). Tomemos agora um segundo
objecto
que está mais alto
metros do que
, no instante
. Começando em seguimos
a sua linha de universo durante segundos, mas
agora
medidos de
acordo com um relógio em
. Obtemos a linha
. No entanto
como o tempo anda diferentemente às duas altitudes, os dois
pontos e não
são
simultâneos. Portanto o espaço-tempo é curvo
(figura 12).
Para agravar esta situação, veremos em breve que a própria geometria é ela própria alterada pela presença de um campo gravitacional (veja a discussão sobre o disco rotativo)! Como podemos então definir coordenadas espaciais para acontecimentos no espaço-tempo?
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A resposta é Geometria Riemanniana (1826-1866). | |||||
Deflexão da luz num campo gravitacional |
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Considere a seguinte experiência conceptual: um pulso de luz é emitido de um ponto , numa direcção perpendicular ao movimento de uma nave, que se move com uma aceleração linear constante , dirigida para cima, no espaço exterior, longe de qualquer campo gravitacional (figura 13).
Figura
13
(applett construído com Flash por Vanessa Oliveira) No instante em que a luz atinge a outra parede mais afastada, o elevador subiu uma certa distância. A luz atinge essa parede num certo ponto , que está mais abaixo do que o ponto . A diferença de elevação entre e é a distância que o elevador percorreu enquanto a luz estava em trânsito de para . Um astronauta dentro da nave observa pois que o pulso de luz descreve uma trajectória parabólica.
Pelo Princípio de Equivalência, o mesmo será observado pelo astronauta quando a nave não acelera mas está em repouso à superfície da Terra.
Ver o teste real da deflexão da luz solar, durante o eclipse de 1919.
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