Uma plataforma circular (pense na estação
espacial do
"2001,
Odisseia no espaço") roda com velocidade angular constante em
torno do seu eixo:
Cada ponto da plataforma percorre uma trajectória circular e portanto acelera em direcção ao centro. Um referencial ligado à plataforma é um referencial acelerado no qual a direcção e grandeza da aceleração varia de ponto para ponto. Neste aspecto difere de um referencial uniformemente acelerado no qual todo o ponto tem a mesma aceleração. Pelo Princípio de Equivalência, este campo de acelerações é equivalente a um campo gravitacional. No entanto, este campo gravitacional não pode ser de tipo Newtoniano - o campo anula-se no centro do disco e cresce proporcionalmente com a distância ao centro, à medida que dele nos afastamos! Vamos comparar
medições de tempo e comprimento feitas por:
Para
sermos mais precisos,
suponhamos que:
O astronauta faz experiências no disco (o seu mundo) com relógios e réguas, com o objectivo de chegar a uma definição do significado do tempo e espaço nesse seu mundo. |
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Medição dos tempos |
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Para começar ele pega em dois relógios, e , idênticos, e coloca no centro do disco e na periferia do disco. Será que os tic-tacs dos dois relógios são iguais do ponto de vista de um observador fixo no referencial de inércia ? Do ponto de vista deste observador, o relógio no centro tem velocidade nula enquanto que o da periferia tem velocidade linear , relativamente a , devido ao movimento de rotação. Portanto, do ponto de vista de , ou do observador , o tic-tac do relógio é mais lento do que o do relógio .
Portanto não
é possível obter uma
definição razoável de
tempo com ajuda de relógios em repouso relativamente ao disco
(referencial
). |
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Medição de comprimentos | |||||||||||
Com
a medição de
comprimentos o mesmo acontece. De
facto, seja
o perímetro do disco e o seu
raio, medidos pelo observador
no referencial de inércia
, usando réguas em repouso relativamente a
esse referencial. Como se sabe, de acordo com a Geometria Euclideana:
Imaginemos
agora
réguas de comprimento próprio
(de
repouso)
,
movendo-se solidárias com o disco, em repouso relativamente a
este
(i.e., em repouso relativamente ao referencial
), dispostas
tangencialmente ao longo do seu perímetro (as réguas vermelhas da figura abaixo),
preenchendo-o, e
também ao longo do seu diâmetro (as
réguas verdes da
figura abaixo).
Para
imaginar mais precisamente a
situação, o
observador
tira uma fotografia instantânea, num certo instante
. Nesse
instantâneo, cada uma das réguas radiais continua com
comprimento
, enquanto que cada uma das tangenciais têm
comprimento
De facto, como
se sabe da Relatividade Restrita, corpos em movimento sofrem uma
contracção (de
Lorentz) do seu comprimento na direcção do movimento. No
entanto,
não há qualquer contracção, de acordo com
, segundo a
direcção do raio do disco.
O perímetro de um disco circular, do ponto de vista do astronauta em , não é mais do que o número de réguas tangenciais que aparecem no instantâneo, ao longo do perímetro:
Por outro lado, o observador , ao examinar o instantâneo, vê o mesmo número de réguas ao longo da periferia do disco, mas agora, cada uma com um comprimento . Portanto, de acordo com , o perímetro do disco é:
Substituindo , vem que:
Mas como, por outro lado, , e , vem que: |
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De
acordo com o Princípio
de Equivalência o referencial
acelerado do disco
é
equivalente a um campo gravitacional. Concluindo:
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Tendo reconhecido que gravidade e geometria estão relacionados, Einstein prosseguiu para a hipótese drástica de que o efeito da presença de matéria gravitacional manifesta-se através da distorção do espaço-tempo na sua vizinhança. O problema é encontrar a relação entre a distribuição de matéria e a geometria. Segundo John Wheeler:
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Cálculos: |
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