Variando a aceleração de um observador num espaço-tempo plano, podemos, de acordo com o Princípio de Equivalência, imitar um qualquer campo gravitacional. Então porque necessitamos de espaços-tempo curvos ? Quando discutimos o Princípio de Equivalência, suposemos que o campo gravitacional era uniforme, isto é, que relativamente a um observador de inércia, a aceleração de todos os corpos que caiem é sempre a mesma (em direcção e grandeza). No entanto isto não corresponde à realidade - é só uma aproximação. De facto, a aceleração devida à gravidade varia de ponto para ponto. |
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Efeitos não locais |
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Consideremos as seguintes situações não locais:
Agora, o observador pode
distinguir o campo uniforme da
situação S1. do campo gravitacional terrestre
não uniforme da situação S3..
Novamente, em queda livre, os corpos viajam em geodésicas que
convergem (ou divergem) como na situação S4.
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Efeitos maré |
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Estes novos efeitos, chamados "efeitos maré" (tidal effects) da gravidade são provocados pela não uniformidade do campo gravitacional, que varia de ponto para ponto. São, de facto, muito ténues quando analisados localmente. Por outras palavras, uma cápsula muito pequena em queda livre, num intervalo de tempo muito curto, é, em primeira aproximação, um referencial de inércia. Este referencial diz-se por isso um referencial local de inércia. Na presença de um campo gravitacional, por exemplo, na presença de uma massa grande (Terra, Sol, ...), duas partículas teste que se movem com a mesma velocidade inicial ao longo de duas trajectórias espaciais próximas, em geral não continuam paralelas, mas aceleram gradualmente uma relativamente à outra, devido à não uniformidade do campo gravitacional. Esta aceleração relativa de partículas em queda livre é completamente análoga à situação seguinte. Imaginemos dois viajantes que partem de dois pontos próximos e no equador da esfera, ambos em direcção ao pólo norte, ao longo de dois meridianos. As trajectórias dos dois viajantes são inicialmente paralelas, mas aproximam-se gradualmente uma da outra até se encontrarem no pólo norte. |
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Equação do desvio geodésico | ||||||
Seja a parametrizaçãode um dos meridianos, por comprimento de arco, com , e seja a distância entre e o outro meridiano, medida ao longo do paralelo que passa em . Então:
onde é o raio da esfera. De facto, tem-se que:
Como é a curvatura de Gauss da esfera, podemos escrever: que se diz a equação
de Jacobi (ou
equação do
desvio geodésico). De facto esta equação é
válida para
qualquer superfície, desde que definamos apropriadamente
e onde a curvatura pode variar de ponto para ponto
.
Numa superfície de
curvatura negativa, por exemplo,
geodésicas
inicialmente paralelas afastam-se uma da outra:
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Gravidade como curvatura do espaço-tempo |
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A analogia entre as duas situações referidas:
é mais do que uma pura coincidência.
Partindo do seu
Princípio de Equivalência,
Einstein
concluiu que gravidade não é uma força,
como Newton julgava, mas sim curvatura do espaço-tempo. A fonte
desta curvatura é
matéria - um corpo material cria um campo gravitacional que
deforma ou "curva" o espaço-tempo envolvente.
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Generalizando a lei de
inércia de Newton, que diz
que
partículas livres
deslocam-se segundo geodésicas (linhas rectas) no
espaço-tempo plano da Relatividade Restrita
(gravidade zero = curvatura nula), Einstein afirma que
partículas livres devem seguir geodésicas no
espaço-tempo com curvatura. Portanto, todos os objectos
materais, desde uma maçã até um planeta, movem-se
ao longo de geodésicas do espaço-tempo, a menos que sejam
impedidas por qualquer força exterior. O mesmo acontece com os
raios de luz. Consideremos o movimento de
um planeta (a Terra, por
exemplo)
em
volta do Sol. Duas explicações em confronto:
Vemos pois que, ao considerar o movimento dos corpos no espaço, e ao usar o tempo como uma entidade absoluta e independente, Newton teve que introduzir uma força para explicar o comportamento de uma massa teste junto de uma outra. Einstein não precisa de introduzir uma força para explicar isso. A explicação é puramente geométrica! |
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