Dilatação do tempo |
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Considere mais uma vez um
autocarro que se move com velocidade
constante relativamente à paragem.
Seja um referencial
ligado à paragem e um referencial ligado ao autocarro.
Na parede lateral do autocarro está um passageiro que, no instante , dispara um flash emitindo um raio luminoso (acontecimento ), que segue na direcção da parede oposta, aí é reflectido (acontecimento ), e regressa ao ponto de partida (acontecimento ): Analisemos a experiência no referencial , ligado ao autocarro: No referencial , a duração total do percurso do raio é: onde é a largura do autocarro, medida em . Note que os acontecimentos e ocorrem no mesmo local do autocarro, e que os instantes e são medidos por um mesmo relógio (o do passageiro ).
Analisemos agora a experiência no referencial , ligado à paragem: Seja o intervalo de tempo entre o instante em que o raio parte (o flash dispara) e o instante em que regressa, medido por testemunhas (observadores) ligados a . Note que agora os acontecimentos e ocorrem em locais diferentes (relativamente a ), e que os instantes e são medidos por dois relógios sincronizados (os das testemunhas e ). Durante o intervalo , o autocarro avança uma distância igual a . De acordo com esses obervadores, o raio percorre uma trajectória cujo comprimento total é: onde é a largura do autocarro, medida em .
Como a velocidade da luz é igual a , em ambos os referenciais, tem-se também que: Resolvendo em ordem a estas duas últimas igualdades, (20) e (21), obtemos: onde o factor de Lorentz é dado por:
Como o autocarro se move unicamente segundo a direcção do eixo dos x's, é natural supôr que (de facto, não há deformação de comprimento segundo direcções perpendiculares ao movimento). Sendo assim, é possível relacionar os dois intervalos de tempo e , dados por (19) e (22). Obtemos:
Como já vimos, no
referencial
, ligado ao autocarro, o raio
regressa ao mesmo ponto de partida (o que não acontece, de
acordo
com o referencial
, como está bem claro nos applets anteriores).
O
intervalo de tempo entre dois acontecimentos que ocorrem no mesmo
local (espacial) diz-se o tempo próprio entre esses dois
acontecimentos. O tempo próprio é o menor tempo
medido -
pode ser medido por um mesmo relógio situado no local onde
ocorrem
os acontecimentos. Qualquer outro tempo (impróprio)
representa a
diferença de leituras de dois relógios distintos. |
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Concluindo: |
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O tic-tac de um relógio em movimento uniforme
é mais lento
quando observado por um referencial estacionário:
Esta "dilatação do tempo" ocorre qualquer
que seja o tipo de "relógio". Se assim não fosse, o
princípio da relatividade seria violado - se existisse um
relógio insensível à dilatação
temporal, poderíamos usá-lo para distinguir certos
referenciais de inércia. |
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Decaímento de muões |
O decaímento de muões a alta velocidade (relativamente à terra) suporta experimentalmente esta predição da teoria. De facto a duração de vida própria de um muão é segundos. O muão desloca-se relativamente à terra com uma velocidade uniforme de . Logo o factor de Lorentz é e o tempo de percurso (médio) de um muão, antes da sua desintegração, é:
A distância que o muão percorre, no referencial ligado à terra, é pois de cerca de Km, suficiente para explicar a existência de muões detectados ao nível do mar !! |
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